Já ouviu falar de nutracêuticos?

Controlar a enxaqueca é um enorme desafio. Para muitas pessoas, os tratamentos convencionais nem sempre oferecem os resultados esperados, e os efeitos colaterais de alguns medicamentos podem limitar seu uso contínuo. Diante disso, cresce o interesse por abordagens complementares, incluindo o uso de nutracêuticos, substâncias derivadas de alimentos e suplementos que possuem propriedades terapêuticas.

A suplementação com vitaminas, minerais e compostos antioxidantes tem sido investigada por seu potencial na redução da frequência e intensidade das crises de enxaqueca. Mas quais são os nutracêuticos mais eficazes? O que dizem as pesquisas científicas? Este artigo explora as principais substâncias recomendadas, seus mecanismos de ação e como podem ser incorporadas ao manejo da enxaqueca.

O que são nutracêuticos e como eles agem na enxaqueca?

Os nutracêuticos incluem vitaminas, minerais, coenzimas e compostos vegetais com propriedades terapêuticas. No caso da enxaqueca, seu uso se justifica por diferentes mecanismos:

Correção de deficiências nutricionais – Estudos indicam que algumas pessoas com enxaqueca apresentam níveis reduzidos de magnésio, riboflavina (vitamina B2) e coenzima Q10, nutrientes essenciais para o funcionamento cerebral.

Regulação da excitabilidade neuronal – Alguns compostos ajudam a equilibrar os sinais elétricos no cérebro, reduzindo a hiperexcitabilidade, que pode desencadear crises de enxaqueca.

Melhora da função mitocondrial – A enxaqueca está associada a um metabolismo energético cerebral disfuncional, e certas substâncias podem otimizar a produção de energia nas células cerebrais.

Ação anti-inflamatória e antioxidante – A inflamação e o estresse oxidativo contribuem para a recorrência das crises. Compostos como ômega-3 e melatonina têm propriedades que ajudam a modular essas respostas.

Diante dessas evidências, diversos nutracêuticos têm sido investigados e recomendados por neurologistas como parte de uma abordagem preventiva complementar.

Os nutracêuticos mais estudados no tratamento da enxaqueca

1. Magnésio – O Mineral Essencial Para o Controle da Dor

O magnésio é um dos suplementos mais amplamente recomendados para enxaqueca. Ele atua regulando a excitabilidade dos neurônios e bloqueando a liberação excessiva de glutamato, um neurotransmissor excitatório envolvido na dor.

🔹 Evidências clínicas: Estudos mostram que pessoas com enxaqueca, especialmente aquelas com aura ou enxaqueca menstrual, frequentemente têm níveis mais baixos de magnésio. A suplementação (200-600 mg/dia) tem sido associada a uma redução na frequência e intensidade das crises.

🔹 Dicas de uso: O magnésio quelado (como glicinato ou citrato) tende a ser melhor absorvido pelo organismo e causa menos efeitos gastrointestinais.

 

2. Riboflavina (Vitamina B2) – Energia Para o Cérebro

A riboflavina é essencial para a produção de ATP, a principal fonte de energia do cérebro. Deficiências nessa vitamina podem prejudicar o metabolismo cerebral e contribuir para a predisposição à enxaqueca.

🔹 Evidências clínicas: Estudos indicam que doses de 400 mg/dia de riboflavina podem reduzir a frequência das crises em até 50%, especialmente quando usada de forma contínua por pelo menos três meses.

🔹 Dicas de uso: A riboflavina é geralmente bem tolerada, mas pode deixar a urina com uma coloração amarelo-intensa, um efeito inofensivo.

 

3. Coenzima Q10 (CoQ10) – Potente Antioxidante e Regulador Mitocondrial

A CoQ10 é um antioxidante natural que desempenha um papel fundamental na produção de energia nas mitocôndrias. Como a disfunção mitocondrial está associada à enxaqueca, essa substância pode ser uma ferramenta útil na prevenção.

🔹 Evidências clínicas: Estudos sugerem que doses de 100-300 mg/dia podem reduzir a frequência e a duração das crises em pessoas com enxaqueca crônica.

🔹 Dicas de uso: Para melhor absorção, a CoQ10 deve ser consumida com alimentos que contenham gorduras saudáveis.

 

4. Melatonina – Regulação do Sono e Redução da Inflamação

A melatonina é um hormônio natural produzido pela glândula pineal e tem funções além da regulação do sono. Estudos mostram que ela possui propriedades anti-inflamatórias, antioxidantes e moduladoras da serotonina, o que pode contribuir para o controle da enxaqueca.

🔹 Evidências clínicas: A suplementação de 3 mg antes de dormir pode reduzir a frequência das crises, sendo especialmente útil para pacientes com insônia ou distúrbios do sono associados à enxaqueca.

🔹 Dicas de uso: O uso prolongado deve ser feito com acompanhamento médico para evitar desequilíbrios no ciclo circadiano.

 

5. Ômega-3 – Efeito Anti-Inflamatório Natural

Os ácidos graxos ômega-3, encontrados em peixes e sementes como linhaça e chia, ajudam a modular a inflamação no organismo, reduzindo a sensibilidade à dor.

🔹 Evidências clínicas: Alguns estudos sugerem que o consumo regular de ômega-3 pode reduzir a intensidade das crises de enxaqueca e melhorar a resposta ao tratamento preventivo.

🔹 Dicas de uso: A dose recomendada é de 1-2 gramas por dia, preferencialmente de fontes ricas em EPA e DHA.

Os nutracêuticos são eficazes? O que dizem as diretrizes médicas?

Embora os nutracêuticos não substituam os tratamentos convencionais, diversas sociedades médicas reconhecem seu papel complementar.

As diretrizes da American Academy of Neurology (AAN) e da American Headache Society (AHS) consideram que:

✔️ Magnésio, riboflavina e CoQ10 têm evidências científicas sólidas para a prevenção da enxaqueca.
✔️ Melatonina e ômega-3 são promissores, mas requerem mais estudos para validação formal.
✔️ O uso de nutracêuticos deve ser individualizado, considerando a necessidade de cada paciente.

Conclusões

Os nutracêuticos oferecem uma alternativa viável para a prevenção da enxaqueca, sendo especialmente úteis para aqueles que buscam uma abordagem mais natural ou que possuem contraindicações a medicamentos tradicionais. Embora não sejam uma solução isolada, seu uso combinado com estratégias médicas pode proporcionar benefícios significativos na redução da frequência e gravidade das crises.

A chave para um tratamento eficaz é a personalização: antes de iniciar qualquer suplementação, é essencial buscar orientação médica para garantir a escolha da melhor abordagem para o seu caso.

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